A Polícia Federal (PF) revelou nesta terça-feira (19) que o general Walter Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, esteve envolvido no planejamento de um golpe de Estado que visava a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. As investigações indicam que Braga Netto foi um dos principais articuladores do plano golpista e chegou a oferecer sua residência para reuniões clandestinas entre os envolvidos.
De acordo com o relatório da PF, o planejamento começou a ser monitorado após uma reunião realizada na casa de Braga Netto, em 12 de novembro de 2022. A partir desse encontro, a PF passou a acompanhar mais de perto as movimentações suspeitas. O plano incluía a criação de um “Gabinete de Crise” a ser instaurado após o golpe, marcado para o dia 16 de dezembro de 2022. Esse gabinete, conforme apurações, seria majoritariamente composto por militares, com o comando dos generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, além da participação de outros envolvidos, como o general Mário Fernandes e o assessor especial da Presidência Filipe Martins.
Golpe planejado e alvos específicos
O golpe teria como objetivos principais a destituição de Lula e Alckmin do poder e a execução dos dois, além de um ataque a Alexandre de Moraes, que era alvo de monitoramento. A PF identificou que, entre os preparativos, houve um levantamento detalhado sobre as rotinas e os protocolos de segurança dos alvos, incluindo os nomes e os armamentos usados pelos responsáveis pela proteção de Lula e de Moraes.
A operação resultou na prisão preventiva de quatro militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”, além de um policial federal. Os detidos foram identificados como Hélio Ferreira Lima, Mário Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também foi expedido um mandado contra o policial federal Wladimir Matos Soares.
Desdobramentos e sigilo da operação
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, foi responsável por autorizar a operação e também por derrubar o sigilo da decisão que determinou a prisão dos envolvidos. A investigação continua em andamento e novas prisões ou desdobramentos podem ocorrer à medida que mais informações forem apuradas.
A revelação do envolvimento de Braga Netto no planejamento de um golpe contra o resultado das eleições de 2022 coloca em xeque a atuação de figuras chave do governo anterior. A PF segue investigando os detalhes da conspiração, enquanto a sociedade observa os desdobramentos desse grave esquema que envolvia altos escalões das Forças Armadas e da Polícia Federal.