Por Ben-Hur Macedo, jornalista/colunista do jornal O Pêndulo.
Há alguns meses, venho ouvindo o seguinte comentário: “Com essa pandemia, não teremos Natal este ano.”
Na verdade, acho que este ano teremos o Natal “mais Natal” de todos os tempos. O Natal em que, pela primeira vez em séculos, todos os seres humanos se tornaram iguais diante de uma ameaça comum: um bichinho microscópico que ceifa vidas tanto nos casebres dos mais necessitados como nas mansões dos ricos e poderosos.
As comemorações natalinas sempre foram marcadas por profundas desigualdades entre as pessoas. Enquanto os mais abastados esbanjavam cardápios e bebidas caríssimos na noite do Natal, os pobres e esquecidos nem sempre tinham o que comer, acompanhando o Natal pelas luzes da cidade ou pela TV, quando a tinham. Ou seja, uma discrepância brutal, exatamente o contrário do que nos ensinou a figura central do Natal.
Entendo e respeito todos os que podem ter um Natal abundante graças ao seu esforço e trabalho honesto, e espero que curtam com saúde e merecida alegria esse momento tão significativo. Mas, não podemos nos esquecer dos que não têm as mínimas condições. E precisamos fazer alguma coisa por eles neste ano. Proponho que cada um de nós escolha uma família necessitada para levar-lhe alguma alegria neste Natal, da forma que achar mais conveniente e estiver em nossas possibilidades. Estejamos certos: se fizermos isso todos nós, nosso coração vai explodir de alegria.
Afinal, o que é o Natal? Mesmo para quem não é cristão, o Natal é uma comemoração única, fundamentada no fato de maior simplicidade da história universal: o nascimento do Rei dos Reis em um cocho onde animais se alimentavam, uma manjedoura. Houve algo mais paradoxal na história? Mas, quando chega esta época do ano, parece que não valorizamos isso e, em muitas famílias, nem nos lembramos do aniversariante do dia.
Mas, acredito que este ano será diferente, pois a humanidade – como nunca – aprendeu que é falsa e enganosa sua tradicional sensação de poder e controle sobre todas as coisas. Tristemente, com muita preocupação e dores indescritíveis, homens e mulheres de todo o mundo têm chorado a perda de entes queridos, negócios, empregos, vida conjugal… tudo causado por um ser invisível cuja ação destruidora ainda não foi controlada pelos bilhões de dólares que o mundo destinou às pesquisas para eliminá-lo.
Então, o que nos resta para este Natal? Transformá-lo no Natal mais simples e humano de toda a história. Um Natal no qual prevaleçam a humildade, a solidariedade e o amor ao próximo. Ou seja, os sentimentos que Jesus pregou e praticou sem fazer distinção entre ricos e pobres e que, como Ele desejava, deveriam – necessariamente – fazer parte da vida diária dos 2.300.000.000 de cristãos espalhados pelo mundo. E, em última análise, da vida de todo ser humano.
Todos sofremos muito neste ano. Houve e ainda há muito medo no ar. Descobrimos que a coisa mais importante neste mundo físico é a vida com saúde, não os carrões na garagem, nem a roupa de grife, nem os bens materiais.
Por mais absurdo que possa parecer, hoje sabemos que somos todos iguais diante de um vírus ridiculamente infinitesimal e do Criador do imenso Universo. Mas, também sabemos quem pode nos dar o amor que nos consola e nos ajuda a enfrentar os desafios do dia a dia.
Portanto, melhor nos apegarmos a Ele. Feliz Natal para você e sua família. Guarde um lugar para o aniversariante do dia em sua casa.